domingo, 15 de maio de 2011

TODAS AS CORES DO MUNDO


“Da sua experiência ou da experiência gravada de outros , os homens aprendem somente o que suas paixões e seus preconceitos metafísicos lhes permitem.”  (Aldous Huxley)
"Os preconceitos são a razão dos imbecis" - (Voltaire)
"Os preconceitos têm raízes mais profundas que os principios"- (Maquiavel)
“O preconceito é um fardo que confunde o passado, ameaça o futuro e torna o presente inacessível.”   (Maya Angelou)


Todos somos iguais a todo mundo, com pensamentos distintos, porém, com características, aptidões e dons; somos uma individualidade.

Ao longo de nossa vida estabelecemos um paradigma existencial, parâmetros que determinam nossos pensamentos, ações, doutrinações éticas, valores legados ou adquiridos pelos nossos próprios critérios de conveniência ou autoimposições. Cada uma dessas aquisições formam filtros aliados a um jogo de interesses através do qual mantemo-nos ao largo de pessoas de diferentes posições sociais, religião, clubes, redutos, raças, grupos filosóficos, rótulos, etiquetas ou marcas. in suma, passamos a olhar o mundo com a lente do preconceito, nascendo dai então a torpeza dos preconceitos, a tola ideia da pseudo supremacia, a escravidão aos tabus.

Tudo o que somos, temos e conquistamos cada degrau que ascendemos parecem sempre criar um filtro através do qual afastamos de nós oportunidades de vivências diversas a nossa realidade e que definitivamente acrescentariam muito ao que somos. Tudo parece que se nos antepõe como se tivéssemos múltiplas camadas concêntricas, das mais grosseiras às mais sutis, desde os nossos bens e posses até nosso bastião instransponível e visível que é a nossa própria pele; sob ela, aquartelam-se ideias, conceitos, pensamentos, genialidades, potencialidades e nosso lixo consciencial, tabus e preconceitos, imbecilidades, torpezas etc.

O propósito deste ensaio é falar um pouco sobre um desses vermes da consciência, os preconceitos de cor ou raça que é o defeito quando o aspecto cosmético do invólucro conta muito mais do que o conteúdo pele adentro.

Durante minha vida, eu já sofri preconceito e ter percebido isso pela primeira vez doeu-me muito, pensei que fosse apenas um pesadelo, caminhei meio desnorteado durante vários minutos, meu olhos encheram-se de agua desejando que aquilo tivesse jamais acontecido. As coisas e os fatos me são mais claros agora, eu reflito sempre sobre o que vivi, sobre tidos e havidos em minha historia.  Foi algo amargo, todavia compreendo hoje que não devo sofrer pelos defeitos de percepção de outros ou ignorância alheia sobre conceitos que realmente acrescentam algo a nossas vidas.

 Minha cor serve-me de nada, assim como as cores de todos nós; valho-me do que sou pele adentro, sou pouco ou quase nada, porque quanto mais procuro de mim, mais se agiganta o tamanho daquilo que devo aprender. Se nós reduzirmos a meros invólucros , rótulos e marcas é apenas isso que seremos ao longo de toda a nossa curta vida, meros pontos cosméticos desimportantes.
Quando voltamos os olhos para dentro, subitamente descobrimos que somos muito mais do que os apêndices que a natureza deu-nos e estamos muito além do lixo através do qual usamos para observar o mundo e as pessoas.

Todos  temos nossos preconceitos, dos mais sutis aos mais abjetos, ainda que estejam eles subliminarmente disfarçados sob  tabus, tradições ou crenças , mas uma vez que passamos a observá-los, eles incomodam-nos, sejam de que níveis forem. O monstro silencioso do preconceito coloca-nos em nenhuma posição de destaque e sim acorrenta-nos aos porões da ignorância, subjugados a transitoriedade da forma.

Uma das Chaves para o entendimento de si mesmo é abrir as portas para sua máxima sensorialidade e aniquilar um a um todos os monstros encontrados ao longo de sua viagem interior, conscientizar-se de que a matéria prima com que são feitos os outros também está em você. Havemos de compreender sobejamente os povos, todas as cores, todas as raças, enfim que possamos  ser espelhos onde reflitam-se sem embargo a essência desse mundo com todas as suas possíveis cores.



por Edson Ovidio