sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

UM MUNDO DE APARENCIAS.

Mundo de Aparencias (http://teardeideas.com ) 






“..... vida
de gado
Povo marcado
Povo Feliz”
Zé Ramalho  - Admirável Gado Novo


“…as pessoas podem ser tão frias
Podem  feri-lo ,  abandoná-lo
Se você deixar , levam ate sua alma
Mas  não permita”
Carol King


"...executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua servidão” –
prefácio do livro – “Admirável Mundo Novo”


“... E esse - interveio sentenciosamente o Diretor - é o segredo da felicidade e da virtude:
amar o que se é obrigado a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social a que não podem escapar”.
– trecho do livro  “Admirável Mundo Novo”


(Aldoux Huxley)


Imagine-se vivendo num mundo de aparências e perfeitamente  cosmético, tudo odorizado, tudo esplêndido, tudo muito viável, tudo muito legal, tudo muito "cool", tudo muito experimentável, tudo ao alcance das mãos ,imantado a sua atençao,  proximo dos olhos.
Bom.... esse é o nosso mundo !
Em essência tudo parece caminhar na direção do que Aldoux Huxley descreve em sua obra “Admirável Mundo Novo”. Um mundo de condicionamentos.
Convencionamo-nos a pensar que a  velocidade com que o mundo evolui   é tão grande  e nosso progresso tecnológico e facilidades são tão estupendamente presentes em nosso dia a dia , que nos abandonamos gostosamente nos braços de quem disso possa melhor gerenciar esses recursos  e nos oferecer  facilidades com a melhor marca disponível no mercado,  o último  grito da moda,  grifes   , tecnologias conceito,propiciadores de qualidade de vida, agregados a grupo de mesma bandeira , abstemo-nos de considerações mais profundas.


Nós somos um Logotipo!!


A despeito da enxurrada de informações que grassa em nosso mundo, continuamos a ser os mesmos homo sapiens selvagem de outrora com requintes de doutos e camadas e mais camadas de condicionamentos auto-impostos e a uma profunda cosmeticidade, mas tão profundamente arraigados a fatores externos a nós mesmos.


A sanha do mundo empresarial  de hoje é tão grande e diretamente proporcional a nossa vontade de fazer parte do “mainstream *”. Será que, grosso modo, se olhássemos um consumidor de crack não veríamos um retrato maximizado de nós mesmos? Com que ganância os traficantes do mainstream  nos manipulam !  Com que volúpia compramos, cheiramos, injetamos, sorvemos, usamos, consumimos, pertencemos, acorrentamo-nos aos valores vazios da sociedade , como se dependentes de droga e na crise perene da busca.


 Quão perversa é a sociedade que criamos!  


Só conseguimos enxergar o outro se esse for emblematicamente portador de títulos coadjuvados por valores  e grifes que lhe atestam o titulo de “Ser Civilizado ,Superior e honrado ”.Essa diferenciação  constante  que fazemos acentuar entre os vários estratos de nossa sociedade via  fidelização excessiva e incondicional a marcas, rótulos, logos e nossa aquiescência a discursos vagos, promíscuos .


Será que os nossos valores estão realmente estribados no progresso moral do homem ou no
progresso material das coisas?



Não haveria mais civilidade, dignidade  e sabedoria um silvícola em comunhão perfeita com o seu meio  ambiente do que  nós cidadãos que orgulhosamente lemos um “Best-seller” em nosso caro iPad e ignorando a intoxicação dos manufaturadores na China ou a fuga ignominiosa à morte por conta da fúria produtiva daquele país?


Enfim , coma seu Actívia,  tome o seu Johnny Walker, seja um cidadão do seu tempo e ,  parafraseando um velho reclame, porém mais que tudo seja sempre mais de você em você mesmo.

por Edson Ovidio


*mainstream //correntes predominantes, cultura predominante, comunidade
-


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fábula de Esopo - "A Galinha dos Ovos de Ouro"

A galinha dos ovos de ouro



Certa manhã, um fazendeiro descobriu que sua galinha tinha posto um ovo de ouro. Apanhou o ovo,
correu para casa, mostrou-o à mulher, dizendo:
_ Veja! Estamos ricos!
Levou o ovo ao mercado e vendeu-o por um bom preço.
Na manhã seguinte, a galinha pôs outro ovo de ouro, que o fazendeiro vendeu a melhor preço. E assim
aconteceu durante muitos dias. Mas, quanto mais rico ficava o fazendeiro, maisdinheiro queria. E pensou:
"Se esta galinha põe ovos de ouro, dentro dela deve haver um tesouro!"
Matou a galinha e, por
dentro, ela era igual a qualquer outra

(Êsopo)



Êsopo foi um lendário fabulista grego a quem se atribui muitas  conhecidas Fábulas    e  um atento observador do comportamento humano e suas falhas.

Nessa Fábula muito conhecida - A Galinha dos ovos de ouro, fala basicamente da grande facilidade que temos para destruir nosso próprio sucesso.

Ovos de ouro são todos os bens suficientes ao nosso redor e que tornam nossa subsistência e satisfação possíveis, pelo menos é assim que penso.
Um dos casos mais notórios que sobejamente retrata essa fabula presente em nosso cotidiano é o caso  Richthofen; em que a jovem Suzane em atitude tresloucada comanda a morte de seus pais para supostamente auferir de todas as vantagens econômicas amealhadas por eles e que com certeza seria dela no futuro.
Ora, como donos de pequenas galinhas de ovos de ouro, - nosso trabalho; nosso
sucesso individual, proximidade com expoentes -  ainda que assim não o consideremos, estamos sempre conspirando contra nossa galinha , quer via atos  contra o grupo, rixas entre departamentos, brigas dentro do nosso proprio departamento etc. Eu acho que a ambição talvez  seja um dos motores para a busca desenfreada de um  poderio cada vez maior.

Em nosso grupo familiar, essa imagem parece quase sempre estar presente, os expoentes no núcleo familiar parecem incomodar sobremaneira e substituímos amiúde nossa forma de admiração , pela cupidez, inveja e ambição; o melhor do outro diretamente nos incomoda.

In suma, Êsopo fala sobre ganância, inveja, cupidez, a sanha desmedida consciente ou inconsciente de ter tudo ou atrair pra si todas as riquezas ou de nossa insatisfação pessoal de considerar que o Suficiente é pouco.


por Edson Ovidio