sábado, 3 de março de 2012

TAPUIAS X BOTOCUDOS




"O homem procura um princípio em nome do qual possa desprezar o homem. Inventa outro mundo para poder caluniar e sujar este; de fato só capta o nada e faz desse nada um Deus, uma verdade, chamados a julgar e condenar esta existência." Friedrich Wilhelm Nietzsche.


Botocudos!  Era assim que os portugueses designavam os índios que usavam botoques nos lábios e orelhas, o que lhes conferiam uma aparência assustadora. Os botocudos eram tapuias ou inimigos de outras tribos onde se falava tupi. 

Com certeza botocudos lutavam com tapuias que lhes eram ferrenhos adversários. Havia muitas tribos e cada qual defendia seus interesses via batalhas, cada um com suas próprias arma;  bordunas, cacetes flechas e escaramuças, uns se alimentavam da carne seus adversários, outros simplesmente os eliminavam. Mas enfim eram não civilizados, não tinham as regras, não tinham leis.

Ao contrário, nós temos nossa civilização, nossa tecnologia, maquinas, livros, tradições, temos regras, leis, governantes, democracia e séculos civilizatórios a frente dos pobres silvícolas e além do mais, temos religião, lemos Deus.

Será?

Nossas insígnias nos antecedem, todos sabemos o que somos e aos nossos olhos, todos nós civilizados somos iguais e capazes, todavia estamos sempre a busca de meios que nos tornem diferentes de outros, que nos façam expoentes. Ora temos um talento especial, ora fazemos parte desse ou daquele grupo que então nos dota como isso ou aquilo, somos superiores porque temos um refino  à mesa, seguimos o que no geral ninguém segue, somos doutos nessa ou naquela filosofia nobre. E por fim, acabamos rotulados e envoltos em aura de qualificativos e qualidades sob os auspícios de nossa civilização, somos então superiores e os outros são apenas pobres ignorantes que não compreendem o que fazemos, saboreamos acepipes especiais e os outros nem mesmo têm modos à mesa. Como defensores dessa ou daquela filosofia usamos o nosso tipo de botoque civilizado, “pins”, medalhas, véus, trajes especiais,  

Quanto aos outros! Bem! ... os outros são apenas Pobres Tapuias!




 Por Edson Ovidio