domingo, 29 de dezembro de 2013

RECOMEÇO





A vida caminha em ciclos, perigos e portos seguros, dias e noites, venturas e tristezas.  Levamo-nos ao extremo de nossas forças e então nos recolhemos para retemperar nossas almas, meditar, sonhar um melhor amanhã. Nossa azáfama diária, as competições infindas do mundo adulto, os olhos voltados constantemente para o mundo externo e os olhos entreabertos  para a guerrilha interna.
O  fim de ano é um desses instantes de paradas em que podemos olhar e perpassar os fatos de nossa trajetória, ponderar sobre nossos pontos de vista e, por fim, assumir novas posturas ante os novos desafios.
Em cada uma dessas fases da vida, a maravilha que se nos apresenta é sempre o Outro, nossos amigos, nossa família, nossos companheiros de caminhadas, através dos quais compreendemo-nos a nos mesmos e a nossa eterna interdependência. Ajudamos e somos ajudados, co-evoluímos como espécime humana e gradualmente  co-herdamos tudo o que desse mundo fazemos.
Como expressão humana buscamos potencializar as nossas capacidades, internalizar e externar forças, pró nos mesmos e por  tudo o que acreditamos e construir um mundo mais vivível a todos os seres
Muitos de nós nos aquartelamos e nos escudamos  em religiões, ideologias, filosofias ou estratos sociais  e através deles conseguimos o conforto, a segurança e as esperanças que se nos fazem  necessárias  pontualmente e por vezes tornamo-nos reféns cegos ad eternum  de preconceitos e apartamentos desnecessários que então separam amigos , famílias e que  então  agigantam-se e mancham a história do globo .
Como indivíduos nossa eterna luta é não nos  esquecermos das pessoas que de uma forma ou outra atravessaram nossas vidas, compartilhando ou antagonizando visões de mundo e permitindo nossos constantes cambio de pontos de vista
Nessa nova etapa de nossas vidas, não se permita esquecer-se dos rostos,  palavras e sentimentos de pessoas que cruzaram nossas vidas , mesmo daquelas que por ignorância evolutiva ,religiosa ou  divergências  filosófica insistam em ignorar os seus olhos, suas mãos ao cruzar pela mesma calçada.
Que bobagem tudo isso, somos de  uma mesma família de seres.
A todos nós , um bom recomeço!



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O PRESENTE , O EMBRULHO E O PAPEL DE PRESENTE.



“... que eu busque mais dar do que receber”.
Francisco de Assis


O natal devolve-me à mente alguns momentos da infância em que eu não tinha grandes esperanças de que os brinquedos que estavam por vir fossem do tamanho dos meus maiores desejos e sonhos , porém o carinho com que cada um finalmente chegava , apagava todas as possíveis decepções de não ter tido o objeto do ideário de então.

Ano após ano, os adultos repetiam o ritual de acordar bem mais cedo, para enfrentar uma fila por brinquedos cedido, por não sei quem, às famílias carentes do meu lugar.

A boa surpresa do colorido das frágeis bolas plásticas de sempre, os novos modelos dos carrinhos plásticos e esse ou aquele novo item preenchia o meu natal pelos poucos dias em que a fragilidade dos brinquedos os levava invariavelmente à lata de lixo.

Os adultos iluminavam nossos sonhos de natal, talvez não com tanta qualidade material, porém com algo bem maior, seu carinho como se esse fora um rico papel de presente. Sua profunda intenção fazia das humildes e bem aguardadas sacolas, os mais bonitos embrulhos e dentro de cada uma, as pequenas coisas saturadas desse sentimento que fazia com que não nos chateássemos com a tamanha incompetência do Papai Noel de todos os anos.

Hoje em que os anos me distanciam desses tempos mágicos e os papeis se inverteram, as lembranças me fazem odiar o cheiro etílico do natal e sua gula festiva, porém meu espirito assimilou o dar e receber do natal com uma força muito grande e expandida para além dos limites de do mês dezembro.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

SAUDADE



Carrego-te , no peito,  seguro
cá  dentro trago-te , por certo
árido , vasto ,profano   deserto
Longe e  apartado , eu juro
tu és sempre mui bela flor
entre   lavandas  e  alecrim
tu  te irisas, cor,  multicor
tão sempre mais distante
 o arfante tempo venturo
te trará de volta enfim

vai a  aurora e o ocaso
 bailam vivas  lembranças
como o alarido mil   crianças
dourado idílio, te comprazo
memórias, meu exílio alterno
me perco, me desgoverno
maltrata-me tempo teu descaso
A saudade  é o ter-te  sempre agora
mas  o tempo  aprisiona a hora
avaro   esquece-se de mim       

saudade  é um mar mais  profundo
donde   transbordam emoções
lagrimas d´ almas e  corações
sagrado maior que o além-mundo
afogo-me na tua  ausência
sob o peso dessa  doce inclemência
deslastra o tempo os  segundos
teu mundo, meus mundos
vou-me nessa louca insanidade
do coração, por fim,  batendo saudade

por Edson Ovidio





quarta-feira, 9 de outubro de 2013

LEMBRANÇAS

Lembranças são como lampejos
Pedaços  de momentos passados
De alegrias, pesadelos  e festejos
Molduras de momentos dourados
Vozes, faces, olores  e   arpejos
Que a mente, de repente faz  luzir

Lembranças são calores, são  cores
O  Passado que assombra o agora
O ontem que pelo  hoje ´inda chora
Quando  não há mais e  costumava ser
São amargores que   voltam à língua
Quando míngua a vontade de viver

Lembranças é o  passado pertinaz
Que no tempo   ainda ecoa 
Um diapasão que afina, ora  destoa
Traz de  volta , o que  no ontem jaz
Como  falenas  que no tempo  voam
A procurar a  luz baça e fugaz

Lembranças  cheiram à neblinas 
De Alegrias com  suave   perfume
De Tormento com seu   azedume
Aromas de rosas ou de fedentinas
Que o ontem sopra em tuas  narinas
Provindos de frascos que não  há mais

Lembranças são as muitas vozes
Que ecoam nas paredes do tempo
Que  os anos atenuam  e fazem ruir
São memorias que gritam atrozes
É como o sibilo forte do vento
Que a tudo toma, a tudo quer invadir

Lembrança
É um fio longo que se entrança
Que ressurge do mais profundo
Que aparece e vai embora
Desmancha-se  a cada segundo

Então Ressurge a cada hora 

por  edson Ovidio 

domingo, 29 de setembro de 2013

AS REINAÇÕES DO DIA


ah; essas Reinações do dia!
acordei há quase hora
pensei fosse manhã fria
sol ainda quase  a pino
brilho imenso lá fora
não penso que vá-se por
café bom e roupa leve
calor amigo ancora
Acho que nao vai chover

ah; essas Reinações do dia!
vem à galope a tarde
sol no firmamento arde
o dia vai de brisa a vento
embirra o céu em desalento
eu acho que vai chover
zangam nuvens apressadas
vem coriscos e trovoadas
como há de sempre ser
o sol cai entre o breu e nuvens
pássaros correm para se proteger

Ah; essas reinações do dia!
a borrasca vai-se embora
uma nesga abre-se azul
a noite há de ser muito fria
Vai a tempestade ao sul
A tarde empunha alegoria
o luzeiro olha-nos de oeste
rápido amarela  nuvens
avermelha então sua veste
joga-se no abismo celeste

ah , essas Reinações do dia!
noite clara, noite fria
não acho que vá mais chover
serena noite de lua cheia
terna como teima em ser
sigo andando e conto estrelas
pirilampos alumiam a noite
enquanto o tempo se desnovela
a espera de um novo amanhecer

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

OS NOTÁVEIS



"Quase ninguém repara em ninguém. Em parte porque o espaço que nos circunda está cheio de chamadas, de perigos e de júbilos; o ser humano, longe do que se pensa, é o que menos se nota no mundo.
Agustina Bessa Luis Bezerra



Certa vez fomos ao planetário, as luzes apagaram se e então apresentaram-nos o firmamento como o vemos quando anoitece em minha região; um céu pálido de poucas estrelas. Dai então, fomos informados que não víamos muitas estrelas porque nas cidades havia muito iluminação e poluição; passo seguinte projetou a imagem de como seria caso o nosso céu, não fosse tão poluído e iluminado. Ante nossos olhos, fez-se um espetáculo surpreendente e majestoso, incontáveis estrelas, constelações, galáxias, meteoros, uma grande viagem pela vastidão, que por fim findou-se e todos retornamos ao nosso céu opaco.

O Céu estrelado, a mim me parece a terra com o brilho da essência de todas as gentes. São as estrelas a sabedoria das pessoas que sustentam esse mundo e que se expande além da barreira física e então põe-se a irradiar. Vejo estrelas que cintilam, outras que parecem emitir muito pouco.

Nós somos um vasto universo que se estende desde nossa centelha interna e envolve todas as pessoas e todas as coisas ao redor. De nós partem os sonhos mais efêmeros e ideias que nascem e então espocam mas adiante. Nossos pensamentos criativos materializam-se, vez por outra, e modificam a nós mesmos e o nosso entorno.  Procuramos por instantes de glória, quando então tomam o mais alto ,fogos de vitória sob nuvens de pesar,  de incertezas, ódios e preconceitos  que turvam  nossas visões  e  impedem-nos  de ver estrelas.

Olhamos o céu e vemos apenas a nós mesmos, porque refletimos de nós nas nuvens que insistem em cobri-lo e os fachos fugazes das luzes que projetamos sobre nossos feitos e pedestais de arrogância e pequenez mental ocultam de nossos olhares o coração e o brilho das outras pessoas, os muitos cometas e estrelas além do nosso céu, cujo brilho percebemos por frestas de sobriedade em nosso universo desinquieto.

por Edson Ovidio

sábado, 3 de agosto de 2013

FAMÍLIA, Família ..família

 
A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.
Leon Tolstoi
 
Todos temos uma grande história, um registro memorável de boas alegrias, dificuldades superadas, do carinho e afabilidades, do companheirismo fraterno das pessoas que compõem o núcleo de onde viemos e crescemos.
 
 Entramos na vida adulta e desenvolvemos responsabilidades, passamos por lutas e desafios diários, espalhamo-nos por lugares distantes, viajamos pelo mundo, todavia invariavelmente voltamos os nossos olhos para o fundo de nossos próprios corações onde residem todas as saudades, alegrias e as melhores lembranças .
 
Por vezes, pesa-nos a inclemência de nossas próprias torpezas, estupidez, insânias e imprevidências , então precisamos que a família nos ajude a remover as barreiras dos pesadelos que criamos e nos desperte para a realidade das incertezas frente as quais nos colocamos para que assim, voltemos a cultivar o solo cuja nossa aridez de conduta tornou um deserto.
Somos as sementes lançadas em bom substrato.  Nossas bases são tão mais fortes, quão mais profunda e firmemente se aprofundem nossas raízes em amores e bons sentimentos e que nossos laços atávicos reflitam em nós as boas luminosidades da arvore de onde fomos lançados e passa-los à frente retemperados com a sabedoria que cada um de nós há de despertar ao longo dessa pequena jornada.
 
Navegamos pela vida, e nossos dias se sucedem com erros e acertos inerentes a cada um; ora singramos mares tranquilos e serenos, ora águas revoltas e bravias que nos querem levar ao fundo ; às vezes suave brisa gentilmente nos toca a face , outras vezes terrível vendaval quer destruir tudo ao redor . Todavia, Braços acolhedores se estendem em nossa direção com atenção poderosa e sentimentos bem maiores que a mera consanguinidade; assim é a família.
Por Edson Ovídio
 
 
 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CAMINHOS


Quando somos crianças, a vida é de fantasias, magias, um rio de felicidades; as alegrias transbordam cheias de suavidades. À nossa volta, a gente nem percebe que há um mundo de responsabilidades adultas que nos envolvem e protegem em seu halo de segurança e paz, ao abrigo das vicissitudes e amarguras que passam enquanto a gente cresce.

 À medida que crescemos, gradualmente aumentamos nossa percepção, deitamos olhos na estrada e então partimos para rumos distantes.  O mundo reflete-se em nós e então estabelecemos metas e alvos e eventualmente atingimos nenhum dos grandes alvos que sonhávamos. 
O tempo nos move compulsoriamente à frente; bebes tornam-se jovens e jovens tornam-se velhos, porém o passar dos dias não nos torna mais sábios ou maduros, posto que ser uma coisa ou outra demanda esforços, não obstante, muitos se ancoram em algum ponto do caminho, entrincheirados em medos e receios, presos às armadilhas de ódios e preconceitos outros se escondem na imbecilidade e esquecem-se de amadurecer e então os dias anoitecem.

Há muitos perfumes, tons e sabores, colorimo-nos de muitas cores, estabelecemos limites e fronteiras, herdamos preconceitos, dogmas e cismas. Há labirintos, encruzilhadas, viajamos às mais  altas colinas e , em  queda livre , nos precipitamos  rumo a  vales abissais . Miríades de pessoas passam pelas nossas vidas, somos de clãs e tribos, defendemos causas e muitos se alinham com bandeiras da paz ou de guerra

Há jovens que se acomodam no entorpecimento de intenções, viciação de sentidos e esperam que o tempo lhes preencha a vacuidade mental com sabedoria e maturidade enquanto provam  de muitos licores e sorvem diferentes vinhos. No extremo oposto, idosos avizinham-se  do fim da caminhada, solitários, carentes e sob o peso das muitas sequelas e danos de uma jornada de irreflexões  e desconhecimento de si mesmos.
Nossas vivências são burilamentos pessoais, há partidas e chegadas, encontros e desencontros, ganhos e perdas, todavia é imperioso crescer, aprender, amadurecer todos os dias e sonhar em ser sábios sempre.

By Edson Ovidio


quarta-feira, 3 de julho de 2013

REBRASILEIRANDO



Em França, sob o reinado de Luiz XVI, o povo se via oprimido pelos privilégios do clero e da nobreza e do súbito aumento de impostos devido à intervenção do país na Revolução Americana Contra a Inglaterra. Era tão grave o momento, que o povo tomou as ruas para subjugar o poder de seu governante e dizia-se, então que Paris estava intoxicada com liberdade e entusiasmo. Num desses dias de revolta total, contra a avareza do governo, seguindo os boatos da imprensa, o povo dá inicio a uma reviravolta histórica que iniciou aos tempos modernos; era a 14 de julho de 1789.
À luz do pensamento iluminista de vários pensadores, os franceses começaram então um momento histórico e com esse mesmo ideal, outros povos também foram movidos à liberdade.

Fato é que o poder é como um álcool que vicia, corrompe e, vez por outra, nossos representantes se encharcam desse ou daquele vinho e ébrios de poder querem para si muito mais do que para o bem comum.

Esses fatos repetem-se na historia de todos os povos, via de regra, espocam aqui e ali, sob esse ou aquele governante, quaisquer que sejam as causas que, sob a percepção de seus povos lhes afligem ou lhes subjuguem e então se torne a chispa contra a qual esses povos se insurjam.

Somos a mescla rara de muitos povos que iniciaram esse país, sob os auspícios de muitas culturas, muitos interesses e por fim herdamos uma pátria repleta de diferentes nuances diversos matizes, costumes. Todavia sofremos de um comodismo atávico e uma submissão de tempos imemoriais em que os coronéis faziam das suas as nossas próprias vontades.  Desde muito cedo aprendemos a ter apenas o que de bom grado sobrava da mesa de uma casa grande qualquer ou trocar favores com poderosos por um quinhão menor que mitigasse uma carência pontual.

Perdemos o contato com nossos representantes, ao mesmo passo em que a politica se investiu de uma armadura de cupidez e vilipêndio. Os simplórios dentre o povo querem Deus no poder soberano das coisas e então dão o poder a pseudo-arautos que em contrapartida trabalham por dízimos cada vezes maiores. Outros tantos dão seus votos sem qualquer regra, ideologia, porque isso aqui não há.

O povo, enfim se cansou do domínio totalitarista de nossos representantes. Que sejam bem vindos todos os gritos de liberdade! 

por Edson Ovidio

quarta-feira, 1 de maio de 2013

FARRAPOS



Sedas sujas amarfanhadas
Almas famintas desprezadas
Rendas desfeitas  e rotas
Incerteza de trilhas tortas
Rumando  a lugar nenhum
Lixo do desamor humano
Descartado rico debrum
vidas e rumos incertos
qual réles trapos de pano
homens de nossa  urdidura
seres  de ermos e desertos
Como se de fazenda impura
Que o tempo pui e esgarça
A cica da impiedade humana
que não some nem disfarça
A noite segue infinda e fria
Vida é  de breu e  escura
Quem sabe se vai amanhecer

por Edson Ovidio

quinta-feira, 11 de abril de 2013

ILUSÕES


 
Enquanto seguimos vida adentro, todo brilho mais intenso que se nos antepõe à frente do caminho, nos prende a  atenção ; todos os sentimentos de cor mais viva , toda e qualquer força capaz de saciar nossos desejos,  pelo tempo em que perdurem as fortes impressões que entorpecem, subjugam e vergam nossos sentidos pelo tempo em que, por fim,  decidimos retomar o caminho.
 
Dentro de nós residem diversos quereres  e são muitos os sonhos  que querem se tornar realidade .São muitas as sementes que lançamos em direção ao futuro e  vasto o trecho por percorrer, todavia  as luzes fugazes e efêmeras nos cegam  e , de repente, não enxergamos nada além .Dissolvemos  a vontade de ir mais adiante à conquista de nossos alvos, porque sempre teremos a impressão de que são esses os lugares onde sempre desejamos estar, essas as situações que sempre almejamos; . A mente se perde em meio a deliciosos prazeres efêmeros  e se entorpece de si mesmo.
 
Muitas são as paragens  onde hospedados nossos desejos , nossos enfados, desesperos e as vontades imediatas e neles nos demoramos tempos demais ou então deixamos que todos os nossos sentidos  e a razão se embotem .
 
As ilusões são as inconsistências da vida, são os muitos pirilampos com luminosidades fugazes que bloqueiam a visão do que realmente buscamos ;  são os instante em que fechamos os olhos para nós mesmos e então, de repente, o reabrimos e descobrimos que  demoramos tempo demais presos ao vazio.

by Edson Ovidio

domingo, 17 de março de 2013

O TREM DA VIDA




Incontinente passa o tempo velozmente diante de nossos olhos, fatos e coisas cambiam-se, numa sucessão de rápidos eventos. Cada pequeno aspecto em torno, passa à existência, evoluciona-se e então se degrada.

Na vida somos como passageiro de um trem veloz, olhamos, pela janela, a sucessão de eventos e guardamos na retina da mente, as cenas. Queixamo-nos da inclemência do meio ambiente, e regozijamo-nos com o beneplácito e encantos da natureza diante de nossos olhos.

Do começo de nossa viagem até a estação final, o trem sofre a influência do meio e a cada trecho, passageiro têm uma nova experiência, a cada experiência descortinam-se novos encantamentos; as cores, o casario, as pessoas, a paisagem, a suavidade do caminho, o sacolejo do comboio, as reflexões, as decepções e os variados humores.
Enfadamos, nós passageiros, com a sucessão de cenas à janela, por vezes, fechamos os olhos a tudo entorno, então privamo-nos da paisagem que passa e enclausuramo-nos, por momentos, dentro de nós mesmos,

 Há ao longo do caminho muitos túneis de incerteza a atravessar, pontes sobre rios turbulentos de dúvidas, flores da alegria e pântanos de medos e incertezas. Pra onde vamos, o que nos reserva a próxima estação, só o momento seguinte nos dirá.

 A vida por si move e segue seu ritmo frenético, sem se deter. Amiúde, passageiros detemo-nos em ensimesmamentos, decepções e frustrações e tudo parece não tomar rumo, como se o trem seguisse em marcha ré. Fechamos os nossos olhos em alguma paragem e demoramos muito tempo para reabri-los à revolução, dinamismos de tudo a nossa volta.




by Edson Ovidio


sábado, 16 de fevereiro de 2013

CHAMO-ME CARIDADE



Chamo-me caridade
Olvidam-me  olhos,  mentes , corações
E o  luxuoso  fausto  do povo  da  cidade
Exortam-me  preces  e torpes orações
fios tênues  entre o  eu sou e o tu  és
ausente  dos  teus dias, palavras e ações
Esquece-me  como que sob os  teus pés

Chamo-me caridade
Precipito-me  facho  de luz ao inferno
Rocio de abundancia e muita claridade
Iriso-me em amor  multicor, sempiterno
Despejo  do  meu doce  ao mais amargo
Preciso de teus braços, força,  fraternidade
Transcenda  além , não passes ao  largo


Chamo-me Caridade
Sussurro a ti a cada fecundo instante
Bato e tu não me abres portas a mim
Em ti jaz um  o vazio  inclemente
Mouco com sentimento ausente
ao dó  a  tua alma é cega, não sabe
a voz e o clamor do mais  carente

Chamo-me caridade


Por Edson Ovidio



MY NAME IS CHARITY 


My name is Charity
Forgotten by eyes, minds and hearts
Luxurious splendour of the people in the city
You praise me with clumsy prayers indeed
I am and you are either never gear or fit
Void in your day, word, in your deed
You kept me Mislaid under both feet

My name is Charity
Plunged into hell, I am a beam of light
Gentle breeze and   dewdrops of clarity
A  hue of a love everlasting  and bright
Sweetness spilled in a cup of bitterness
Abide your arms, strength and fraternity
Stride beyond your faint needlessness

My name is charity
Whispering   in your ears the seed of will
I knock on your door but around you turn
Your soul is blind and around you mill
Deaf, feeling that you are late to learn
About voices and awes of those you spurn





sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O CANTO DA SEREIA




Quando somos jovens, somos como pequenos veleiros, lançamo-nos mar adentro e içamos tantas velas quantas forem os nossos sonhos e devaneios e as colorimos com cores tão fortes quão mais intensos sejam os nossos desejos e vontades, impulsionados pelos ventos das muitas paixões.

Singramos mares rumo a um porto seguro e guiamo-nos por anseios  e aspirações, pelas águas bravias da impaciência, instabilidade; pelas tempestades das nossa inconstância e através das calmarias da inércia e procrastinações. 

À frente, espessas neblinas de ilusões e então perdemo-nos no mar de múltiplos encantos, de crenças, preconceitos, iras, vícios. Abrimos mão de nossa rota e afogamo-nos em nós mesmos, procurando tesouros em nosso egoísmo, ao abrigo de credos e refúgio nas cores mais fortes da nossa imaginação e nas mentiras que nos fazem tão bem.

São os cantos de Sereia, as quimeras, os enganos que embotam nossa percepção dos faróis que guiam a mares mais além; a malicia e torpeza de corsários que saqueiam a fé e a  boa vontade que sobrevivem da nossa ignorância

por Edson Ovidio 


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THE MERMAID CHANT


When we are young, we are like little vessels moving to the sea and guided around by desires and dreams and we hoist as many sails as there are  dreams and nightmares and we dye them with colours as strong as our desires and wills geared by the winds of many passions
We cross the seas looking high and low for   safe havens escorted  by wishes  and desires, sailing  stormy waters of impatience, unsteadiness, moving through the  tempests of inconstancies and the lull of inertia and procrastinations. There are thick fogs of illusions straight ahead and we get lost in a sea full  charms, beliefs, prejudices, wrath and  addictions . We sway this way and that away from the  route and we mire in selfishness   seeking treasures , in the shelter of creeds and taking  refugee  in stronger colours of imagination and the lies which make us feels so well.
The mermaid chant are the chimeras, the mistakes that clog our perception of the lighthouses that will guide us offshore,  the malice and stupidity of corsairs looting in the water of  faith and good will and  surviving thanks to our own  ignorance.



By Edson Ovidio

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