domingo, 31 de julho de 2016

MEDO




Então assalta-me o medo
sorrateiro e contumaz
aos portões do castelo
desdesejo rapino voraz
armado com afiado cutelo
soldado cego e pertinaz
sem supresas eu te desvelo
covarde infame diabrete
rompendo as muralhas
com pesado destrutivo ariete
amargas e arduas batalhas
escaramuças e catapulta
rompendo as altas muralhas
que medo filho de uma puta
nada ganhas..nada ganhas
em invadir o meu castelo
revirando minhas entranhas
como se em meio a um duelo
não te desentranhas de mim
nesse sofrimento medieval
como se subisse montanhas
saltasse contra o vendaval
e nada me fosse tão facil
me soltasse das amarras
caindo em um vale abissal
esconjuro; solta tuas garras
medo se afasta de mim

sábado, 23 de julho de 2016

NO ALTO DA MONTANHA


Por detrás daquele monte
um tanto mais adiante
uma montanha se exalta
de lá bem se vê o mar
ar quente sobre a cabeça
sobre a pedra mais alta
lá em cima se pode sonhar
jamais nunca se esqueça
a brisa adentra as narinas
eu quero ir lá contigo
há quem por bem até conte
que o caminho é de perigo
que há uma enorme ponte
que atravessa o além-mar
eu te dou guarida e abrigo
te levo bem junto comigo
pra onde não se põe o sol
Às vezes a montanha some
engolida pela névoa
que voa por todo o redor
de repente há só o véu
um platô que flutua à deriva
suspenso no meio do céu
que de mim não me priva
la onde eu mais pertenço
sem reservas a mim mesmo
sob o grandioso dossel
que me tem a mim a esmo

Por sobre essa montanha
sopra um vento tão forte
que esgarça as nuvens
e atravessa a alma
voam ao sul, ao norte
cantando seus cantos
gritando toda sua calma
esparsa todas as nuvens
então o azul se reabre
ao sabre cortante do ar
zune o vento seu loa
entoa um longo chiu
sussura até cessar
psiuuuuuuuuuuuuuu!

domingo, 22 de maio de 2016

DEPOIS ENTÃO NADA.


Sou bom amigo do frio
da coberta quente
do travesseiro gelado
do sono inclemente
da lógica incoerente
que ilógicamente se revolve
em muitos pensamentos
como rio na mente fluem
como fios de contas
que pendem e se unem
em vozes e palavras
que sem nexos se puem
sem sentidos ou pontas
eu apenas as escuto
são pessoas que passam
tontas e eu as enxergo
mas elas não me veem
vejo riachos
de águas calmas que passam
que tremeluzem e fluem
e diluem-se em sussurro
em escuro
em nada

domingo, 14 de fevereiro de 2016

SOLEDADE

Carrego-te , no peito, seguro
cá dentro te trago por certo
árido , vasto ,apartado
silente,
o tempo é um deserto
no peito cá dentro aberto
eu juro
tu és sempre mui bela flor
profano qual hera no muro
de desejos furta-cor
oasis de tantos lampejos
lavandas, cravinas e beijos
tantas flores
tantas cores
tu te irisas só pra mim
tão sempre mais amante
oh! arfante tempo hesitante
adianta-te rápido por mim
vai a aurora e o ocaso
bailam, revolvem lembranças
como o alarido de mil crianças
dourado idílio, te comprazo
memórias são meu exílio alterno
me perco
me desgoverno
maltrata-me tempo teu descaso
A saudade é o ter-te sempre agora
vaso de sentimento tão profundo
o mastim do tempo aprisiona a hora
tão ávaro aprisiona a hora
tão sádico, maltrata a mim
saudade é um mar tão raso
tão largo e profundo
donde transborda a emoção
bem maior que o além-mundo
lagrimas d´ alma e coração
afogo-me na tua ausência
acredoce inclemência
deslastra, Seu Tempo os segundos
e eu fecho de novo a canastra
no peito há suspiros profundos
pois no imo ´inda bate
a Saudade
por Edson Ovidio

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

TAL É VIVER.


As vezes
a gente se embirra
noutros a gente faz sol
há dias
em que nosso mau tempo
se acirra
pleno mar sem farol
birra do tempo
furia do vento
escuro dossel
brisas e vendaval
razão e desrazão
vida de cordel
auto do bem e do mal
as vezes
a gente vocifera
solta os bichos
explode
se desespera
revolve lixos
se repete e vira fera
reprisa caprichos
se joga confete
apego e desapego
desejos que instigam
fisgam qual anzol
sem carinho e aconchego
ousam e pedem arrego
a gente desafina
em si bemol
as vezes
a vida é rasa
a gente transborda
destroi e arrasa
desentranha uma horda
de mastins famintos
furias, sanha
instintos
paga de santo
bendiz
maldiz
se contradiz
conquanto se mascara
Feliz
a vida é sempre profunda
a gente sempre tem dúvidas
sempre muitos por quês
a gente sempre quer ter
planta coisa alguma
e quer ver florescer
sem qualquer projeto
sem qualquer porquê
e num pique incerto
improvisa uma razão
busca sem nada concreto
respostas pau-a-pique
no deserto da religião