sexta-feira, 6 de abril de 2012

VENDE-SE UM PEDACINHO DO CÉU






"A única e autêntica liberdade do ser humano é a do espírito, de um espírito não contaminado por crenças irracionais e por superstições talvez poéticas em algum caso, mas que deformam a percepção da realidade e deveriam ofender a razão mais elementar." 
- José Saramago.



Na antiguidade o clero vendia indulgencias e os poderosos as compravam com medo da ira divina. Eram tempos de ignorância , terminava quase a  idade média, a igreja negociava as graças de Deus. Todo e qualquer crime tinha perdão, caso o fiel pagasse o preço dos facilitadores do céu. Havia então 35 condições de pagamento, mas tudo tinha seu perdão, todas as culpas removidas até a isenção da danação.

Era o fim da idade das trevas, os poderosos possuíam as leis, os de menos posses estavam sujeitos a elas. As religiões falavam do imponderável, tinham nas mãos reis e rainhas, faziam trocas e escambos, tratos e distratos em nome dos céus. Eles escreviam em nome de uma divindade mercantil negociando o peso dos pecados, sinalizando com a censura aos tabus, as culpas e cismas pesavam sob os ombros de muitos.

Ora sob a insânia de governantes, ora sob o pouco sagrado das religiões, moldaram-se os povos, os costumes e as tradições, forjaram-se a leis. 

Caminhando em direção à modernidade, cá estamos nós, olhando para trás no tempo e parecemos um tanto distantes de tudo, temos agora tintas mais fortes da modernidade, mais tecnológicos, mais civilizados, mais cosméticos. Todavia, sob cismas, culpas e pecados ainda somos os mesmos.

 O mercantilismo da fé soa ainda mais alto aos nossos ouvidos, falam de um Deus ainda mais iracundo, os interlocutores da divindade negociam perdões e anunciam o fim de mundo.

Desprotegidos de seus governantes, disputados por duas forças, o bem e o mal, os carentes se guardam ao abrigo da fé a procura de quem lhes de o céu e lhes de opulência, resolvam o não-ter, o não-ser, o desespero.

No passado, os de posse compravam seu salvo-conduto. Hoje, os arautos dos céus acenam com cores e novos atrativos, com carros, posses, cargos e bens e a ignorância tira daquilo que já não tem e doa aos que já muito tem.

Ignorantes!

Ate quando?



por Edson Ovidio

domingo, 1 de abril de 2012

JEKYLL & HYDE







"O mal é como as mulas: teimoso e estéril."
Victor Hugo

"O mal existe, mas nunca sem o bem, tal como a sombra existe, mas jamais sem luz."
Alfred de  Musset

"Desde que alberguemos uma única vez o mal, este não volta a dar-se ao trabalho de pedir que lhe concedamos a nossa confiança."
 Franz Kafka


Temos sido invadido, nas ultimas semanas, por uma serie de atentados contra escolas, grupos religiosos e assaltos com requintes de violência extrema gerados por pessoas  com sentimentos idênticos aos nossos, capazes de expressar-se  como  ser humano ,de dar e receber amor, todavia com um viés para seu lado mau.

Pais e amigos falam da nota predominante do caráter de seus rebentos que ora se veem envoltos pela sombra do ódio, ignorância e mergulhados na ignominia de uma sintonia diferente daquela que deles falam.

Nesta semana, refleti bastante sobre a dualidade humana e a mim me parece que a história de Jekyll e Hyde jogam alguma luz sobre essa questão.
 Jekyll e Hyde representam a dualidade humana. O senhor Jekyll , cavalheiro de modos elegantes, talvez reprimido em alguns de seus traços de caráter, não é um homem bom, mas que cumpre seu papel na sociedade, porém  se transforma num  animal cabeludo. Hyde personifica o mal, o lado oculto de Jekyll  e que então da vazão  sua essência reprimida.
A historia de Jekyll e Hyde nos fala dos experimento de jekyll trazendo para fora o seu lado mau e que , à medida que com maior  frequência vivencia o seu lado oculto, mais a ele se torna viciado.
O conto parece transmitir a ideia de que o mal, uma vez visitado torna-se parte de nós e então perdermos controle do que até então tínhamos sob nossos pés.
Somos seres duais , propensos a vivencias e vicissitudes que, as por vezes nós remetem aos porões onde estão escondidos nossos monstros comportamentais.
Com certeza, desejamos que ao nosso redor se instaure uma paz absoluta e que a plena felicidade esteja em tudo, porém frouxamente nos prendemos ao que ideamos e minamos  os passos de nossa bipolaridade consciencial.
 Somos ora bons , ora ruins,  anjos  ou demonio ,  equilibrados   entre virtudes e malefícios .
Em Jekyll e Hyde, o monstro Hyde tem estatura menor sugerindo que o mal é mais fraco que o bem e que pode ser contido, todavia Jekyll se envereda-se  jornada a dentro e então Hyde o domina completamente.
Observe-se a si mesmo; não permita jamais que o quer que você esconda em seus porões conscienciais  venham a tona e destrua o que você desenvolveu até agora em você mesmo.
Pense Nisso!

 por Edson Ovidio