quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

TAL É VIVER.


As vezes
a gente se embirra
noutros a gente faz sol
há dias
em que nosso mau tempo
se acirra
pleno mar sem farol
birra do tempo
furia do vento
escuro dossel
brisas e vendaval
razão e desrazão
vida de cordel
auto do bem e do mal
as vezes
a gente vocifera
solta os bichos
explode
se desespera
revolve lixos
se repete e vira fera
reprisa caprichos
se joga confete
apego e desapego
desejos que instigam
fisgam qual anzol
sem carinho e aconchego
ousam e pedem arrego
a gente desafina
em si bemol
as vezes
a vida é rasa
a gente transborda
destroi e arrasa
desentranha uma horda
de mastins famintos
furias, sanha
instintos
paga de santo
bendiz
maldiz
se contradiz
conquanto se mascara
Feliz
a vida é sempre profunda
a gente sempre tem dúvidas
sempre muitos por quês
a gente sempre quer ter
planta coisa alguma
e quer ver florescer
sem qualquer projeto
sem qualquer porquê
e num pique incerto
improvisa uma razão
busca sem nada concreto
respostas pau-a-pique
no deserto da religião

ANAGRAMAS DO TEMPO


fatos e atos
se repetem
humores e amores
se entretecem
ha tempos de ir e vir
de dramas e tramas
anagramas do tempo
que se enredam
se esgarçam e puem
cores fortes
que nos saturam
e então se diluem
mel e fel
água-forte e aquarelas
luz forte , trevas
e velas
o doce da vida
o acre da morte

por Edson Ovidio

solidON


Falenas entorpecidas
volteiam luzes do celular
como se não houvera 
brilho de olhar ignoto
nada ou ninguem em torno
além do que lhes é remoto
nenhuma ou coisa alguma aquém
como se o ecrã fosse o luar
que faz do seu olhar refém
envolto pela nuvem do wifi
cego, nada além
vanidade que se compartilha
mono-assunto que não cai
entre tantos mares de olhares
ilhas e ilhas
dedos ageis
batepapos digitais
mentes frageis
armadilha, tais e tais
a inação
o dessentir
a solidão