sexta-feira, 7 de outubro de 2011

AS SEMENTES DO ÓDIO


Sementes do ódio


"A ignorância é a mãe de todos os males."Autor François Rebelais

Nesta semana ouvi de uma mulher no metro, frases inusitadas. Ao telefone, falava ditosamente  a sua amiga do outro lado da linha sobre as vantagens do seu Deus e tecia comentários desairosos sobre o Deus de um amigo dela.

__ “... o Deus do amigo é segundo ele o arquiteto do universo e o... (sic)”.

Passo seguinte, a moça comentou sobre o seu Deus, o Verdadeiro, segundo ela. Ela falava com um desprezo tão grande contra esse outro tal Deus do amigo, e então pensei sobre o fato e a mim me soou risível, mas dai então me peguei divagando sobre algumas considerações sobre a tal conversa.

Recebi também a noticia, nesse mesmo dia, de que um amigo recebeu um sms de ameaça de alguém membro de uma escola de filosofia afamada, porque meu amigo divulgou ideias de sobre um assunto de domínio publico e que de alguma forma ofende essa escola.

Ambas as histórias estabelecem um paralelo surpreendente e a mim, as ações parecem partir de sementeiras diferentes, todavia submetidas as, mesma distorções a que são submetidas qualquer ideia que germine entre nós.

Cruzam e cruzaram pelo nosso planeta homens além do seu tempo, com ideais maiores que si mesmo, que alimentaram-nos com pensamentos arejados sobre uma variada gama de assuntos sobre os quais o humano é o pano de fundo. Com toda certeza polarizaram e fizeram orbitar em torno de si pessoas que beberam em profusão do que diziam, do que faziam e cada um procurou emular em si o que esses personagens foram para o seu tempo.

Todavia cada ser responde de forma diferente a todo e qualquer estímulo externo e cada ser age segundo a forma como lê, interpreta o mundo ou segundo a forma como abraça essa ou aquela ideia.

Ouvimos e admiramos os grandes homens e seus grandes feitos, ideias e palavras, porém à medida que trazemos ideias maiores ao nosso estreito e pequeno mundo, limitamos o entendimento a tudo isso e por consequência a resposta também se dará como um harmônico de menor brilho e intensidade e por vezes, divergente do ícone que tentamos nos associar.

Os luminares passam e passaram, porém deixam após sua passagem um arsenal de boas virtudes, que são então desposadas por outras pessoas, ganham peso, sabor, tempero, densidade e tintas diferentes do original. As ideias se travestem com roupagens novas e diversas e são então blindadas nos claustros da ignorância.

As correntes filosóficas que banham as nossas mentes, ganham por vezes aspectos ritualísticos e distorcidos de forma a atender a limitação do nosso entendimento ou a interesses de  grupos aos quais pertencemos , desviam-se, então, para o sectarismo hermético e cosmético,  abandonam o usufruto do luminar original e as palavras velam-se na ignorância, na cupidez, obtusidade e na insensatez dos dogmas e tabus sobre  ideias que transcendem o que pensamos.

Os dogmas, os tabus são os pais do ódio que inconscientemente germinam quando cismamos achar que o nosso próximo esta sob os auspícios de uma natureza menos digna ou que ele saúda a uma força geradora, diferente daquela que nós mesmos compreendemos.

Pense nisso!


Por Edson Ovidio