sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

RECOMEÇOS





“Ai que ninguém lembra nem o que sonhou (...).Ao largo ainda arde a barca da fantasia e o meu sonho acaba tarde deixa a alma de vigia Ao largo ainda arde a barca da fantasia e o meu sonho acaba tarde acordar é que eu não queria.(madredeus – Pedro Ayres Magalhães)

Mais um ano se inicia, muitos de nós o adentramos ébrios de esquecimentos e começamos novamente o ciclo de viver de forma cega e com o nosso velho sentimento arraigado de auto sabotagem, na contramão de tudo o que fizemos ecoar durante os estertores do final do ano.
Este talvez seja um ensaio cheio de porquês e ponderações, uma análise de sonhos e fraquezas, sobre o porquê irmos de encontro do acaso ao invés de efetivamente buscarmos a efetivação de planos e sonhos.

Já é pleno janeiro, e tenho lido e ouvido comentários de amigos sem forças, sem garra, sem vontade de chegar a lugar nenhum, ouço de suas agonias, decepções e tudo parece ser um “Deja vu”.

A cada novo ano , como se fossemos aves, arribamos em busca de quimeras e sentimentos legados por grupos de amigos alheios ao que somos e a o que de verdade buscamos e sonhamos, mutilando planos e objetivos, tiramos ambos os pés do chão. Passamos todo um ano perdidos entre as nuvens e as inclemências dos dias, infortúnios, sucessos e então em bandos, vindo de um lugar qualquer, pousamos no burburinho festivo de dezembro. Bebemos, refestelamo-nos, muitos choram, muitos riem, outros compartilham seus sonhos. Nossos sentimentos vão tão à flor da pele, as ideias tanto se aclaram, os sonhos se acendem e voam tão alto, nossas amarguras se tornam mais amargas, juramos a nós mesmos que tudo então será diferente sob as primeiras luzes do ano.

Passo seguinte, mergulhamos nas nuvens escuras de mais um ano, bravatas e forças são esquecidas nas praias, vão se embora com os vapores do álcool. Prometemo-nos tanto e então damo-nos tão pouco.

Que tipo de combustível nos falta?

Eu gostaria que as pessoas fossem de verdade como se mostram no fim do ano, que seus sonhos não se revelassem tão efêmeros, suas vontades de realizá-los se estendessem por todo um ano. Que os sonhos e desejos de réveillon não fossem apenas garatujas que a borracha do ano e a vontade pífia tratam de apagar.

Seria tão melhor que a cada virada de ano nossas memórias não ficassem presas na mesa farta, nos vapores fugazes do álcool, que o barulho ensurdecedor dos fogos não emudecesse e destruíssem a força de ir mais além de janeiro e que pudéssemos nos permitir adensar nossas vontades e efetivamente conquistar passo a passo todos os nossos sonhos viáveis.

Por Edson Ovidio