segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O PRESENTE , O EMBRULHO E O PAPEL DE PRESENTE.



“... que eu busque mais dar do que receber”.
Francisco de Assis


O natal devolve-me à mente alguns momentos da infância em que eu não tinha grandes esperanças de que os brinquedos que estavam por vir fossem do tamanho dos meus maiores desejos e sonhos , porém o carinho com que cada um finalmente chegava , apagava todas as possíveis decepções de não ter tido o objeto do ideário de então.

Ano após ano, os adultos repetiam o ritual de acordar bem mais cedo, para enfrentar uma fila por brinquedos cedido, por não sei quem, às famílias carentes do meu lugar.

A boa surpresa do colorido das frágeis bolas plásticas de sempre, os novos modelos dos carrinhos plásticos e esse ou aquele novo item preenchia o meu natal pelos poucos dias em que a fragilidade dos brinquedos os levava invariavelmente à lata de lixo.

Os adultos iluminavam nossos sonhos de natal, talvez não com tanta qualidade material, porém com algo bem maior, seu carinho como se esse fora um rico papel de presente. Sua profunda intenção fazia das humildes e bem aguardadas sacolas, os mais bonitos embrulhos e dentro de cada uma, as pequenas coisas saturadas desse sentimento que fazia com que não nos chateássemos com a tamanha incompetência do Papai Noel de todos os anos.

Hoje em que os anos me distanciam desses tempos mágicos e os papeis se inverteram, as lembranças me fazem odiar o cheiro etílico do natal e sua gula festiva, porém meu espirito assimilou o dar e receber do natal com uma força muito grande e expandida para além dos limites de do mês dezembro.