sábado, 10 de outubro de 2015

O CÂNTICO DOS MISÉRAVEIS




São brancos, pardos e pretos
em andrajos nauseabundos
por becos, cantos e guetos
sujos de tempo, terras e barros
miseráveis vagabundos
na desdita do degredo
malditos e infectos escarros
desgraçadas mãos que mendigam
vida de fome e medo
saga sem destino
tudo que vai em saco é um segredo
inclemência dos dias de chuva
e de miséria tão à pino
sob o lixo que amontoam
Não voam 
nem criam Raízes
se aninham em brechas 
sob viadutos
sob ponte
um nicho que não lhes conte
que são infelizes
do não ter
do não ser
do escarnio do tempo
do capricho do vento
da mão que se estende
fingindo caridade
do lixo que lhe supre
com muito mais dignidade