Mundo de Aparencias (http://teardeideas.com ) |
“..... vida
de gado
de gado
Povo marcado
Povo Feliz”
Zé Ramalho - Admirável Gado Novo
“…as pessoas podem ser tão frias
Podem feri-lo , abandoná-lo
Se você deixar , levam ate sua alma
Mas não permita”
Carol King
"...executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua servidão” –
prefácio do livro – “Admirável Mundo Novo”
“... E esse - interveio sentenciosamente o Diretor - é o segredo da felicidade e da virtude:
amar o que se é obrigado a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social a que não podem escapar”.
amar o que se é obrigado a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social a que não podem escapar”.
– trecho do livro “Admirável Mundo Novo”
(Aldoux Huxley)
Imagine-se vivendo num mundo de aparências e perfeitamente cosmético, tudo odorizado, tudo esplêndido, tudo muito viável, tudo muito legal, tudo muito "cool", tudo muito experimentável, tudo ao alcance das mãos ,imantado a sua atençao, proximo dos olhos.
Bom.... esse é o nosso mundo !
Em essência tudo parece caminhar na direção do que Aldoux Huxley descreve em sua obra “Admirável Mundo Novo”. Um mundo de condicionamentos.
Convencionamo-nos a pensar que a velocidade com que o mundo evolui é tão grande e nosso progresso tecnológico e facilidades são tão estupendamente presentes em nosso dia a dia , que nos abandonamos gostosamente nos braços de quem disso possa melhor gerenciar esses recursos e nos oferecer facilidades com a melhor marca disponível no mercado, o último grito da moda, grifes , tecnologias conceito,propiciadores de qualidade de vida, agregados a grupo de mesma bandeira , abstemo-nos de considerações mais profundas. Nós somos um Logotipo!!
A despeito da enxurrada de informações que grassa em nosso mundo, continuamos a ser os mesmos homo sapiens selvagem de outrora com requintes de doutos e camadas e mais camadas de condicionamentos auto-impostos e a uma profunda cosmeticidade, mas tão profundamente arraigados a fatores externos a nós mesmos.
A sanha do mundo empresarial de hoje é tão grande e diretamente proporcional a nossa vontade de fazer parte do “mainstream *”. Será que, grosso modo, se olhássemos um consumidor de crack não veríamos um retrato maximizado de nós mesmos? Com que ganância os traficantes do mainstream nos manipulam ! Com que volúpia compramos, cheiramos, injetamos, sorvemos, usamos, consumimos, pertencemos, acorrentamo-nos aos valores vazios da sociedade , como se dependentes de droga e na crise perene da busca.
Quão perversa é a sociedade que criamos!
Só conseguimos enxergar o outro se esse for emblematicamente portador de títulos coadjuvados por valores e grifes que lhe atestam o titulo de “Ser Civilizado ,Superior e honrado ”.Essa diferenciação constante que fazemos acentuar entre os vários estratos de nossa sociedade via fidelização excessiva e incondicional a marcas, rótulos, logos e nossa aquiescência a discursos vagos, promíscuos .
Será que os nossos valores estão realmente estribados no progresso moral do homem ou no
progresso material das coisas?
Não haveria mais civilidade, dignidade e sabedoria um silvícola em comunhão perfeita com o seu meio ambiente do que nós cidadãos que orgulhosamente lemos um “Best-seller” em nosso caro iPad e ignorando a intoxicação dos manufaturadores na China ou a fuga ignominiosa à morte por conta da fúria produtiva daquele país?
Enfim , coma seu Actívia, tome o seu Johnny Walker, seja um cidadão do seu tempo e , parafraseando um velho reclame, porém mais que tudo seja sempre mais de você em você mesmo.
por Edson Ovidio
*mainstream //correntes predominantes, cultura predominante, comunidade
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