“Possuir é perder”. Sentir
sem possuir é guardar, porque é extrair de uma coisa a sua essência. “Fonte”
Fernando Pessoa
"O homem, quanto mais
possui, tanto menos se possui."
Arturo Graf.
"Os que mais possuem
não são os que melhor digerem." Marquês
de Maricá.
Se possuíres algo, mas não
o puderes dar, não o possuis... Esse algo é que te possui."
– Frank Sinatra.
"Nada
é bastante ao homem para quem tudo é demasiado pouco.” Epicuro
Somos um fato efêmero
sobre a terra, como pássaros pousamos e então arribamos. Tenho cá comigo que há
uma continuidade e que de alguma forma nossas consciências continuam, sob que
roupagem; eu não lhe saberei dizer. Para
onde vamos, como e o que faremos, deixo em aberto para que nós mesmos possamos
responder ou nos calarmos para sempre em nosso futuro.
Esse ensaio tem por
objetivo discutir um pouco a transitoriedade da vida e o fato de estarmos tão
voltados ao ter e não ao conhecer-se.
A cada fase que
atravessamos em nossa vida, somos convidados a ter isso ou aquilo, desde nossos pequenos bens
transitórios até os grandes objetos de poder e ícones que denotam nossa vida
eficaz e que em nossa concepção hão de durar ad eternum.
À medida que entramos em
anos, somos doutrinados pela sociedade consumista a colher em nosso container
de capacidades, toda sorte de objetos que nos qualifiquem como seus membros eficientes,
como se repetidas vezes fossemos instados a nos revestirmos de armaduras cada
vez mais potentes e à medida que nos tornamos adultos vamos nos revestindo de
interesses cada vez mais superficiais e gradualmente nos afastamos de nos
mesmos.
O que possuímos tomam-nos cativos e nossas consciências migram para
nossas múltiplas roupagens externas; somos o carro, somos nossas posses, somos
a diferenciação que ostentamos, vivemos eternamente presos ao enredo dos
subprodutos de nossa batalha por ter mais e mais. Perdemo-nos então nas teias
de nossa ganancia, no desespero da depressão por não ter e não ser.