ECOS |
"Se esses ontens fossem devorar os nossos belos amanhãs?"Autor - Paul Verlaine
"O passado e o porvir estão, ambos, / Recobertos pelo pó e pelos amorfos escombros da
deslembrança."Fonte - Troilo e Cressida" Autor - William Shakespeare
"Uma coisa é aprender com o passado; outra é ficar lá preso."Autor - José Braga
Nesta semana foi inevitável
ouvirmos de dores e sentimentos amargos, pro-lembrança das vítimas dos atentados
dentro dos Estados Unidos e também inevitável que todas as dores e memorias dos
familiares e sentimentos tão fortes também se fizessem tão vividamente sentidos
em todos os nossos corações.
Os eventos em nossa aldeia global, alegrias ou dores são lançados ao
ar diariamente como se fossemos pequenas estações radiotransmissoras, da mesma
forma que somos inundados por um jorro de emoções e sentimentos que atravessam
nossos corações como se fizemos parte de um rio de energia. Os ecos ou harmônicos de tudo o que nos
acontece ou produzimos continua a produzir os mesmos fatos, as dores suplantam
as alegrias e, por vezes eclodem sob disfarces variados em razão do ódio,
cobiça, poder exacerbado, a cegueira do orgulho e intolerâncias geradas pelo
fundamentalismo das religiões.
Ouvi um comentário muito sóbrio, em
meio a toda essa exaltação da internacionalização dos lutos e dores
particulares. Dizia um embaixador que ele cria na simetrização dos sentimentos e
que não devíamos só lamentar o impacto produzido localmente, mas também a
repetição da tragédia que se verificava noutras partes do mundo, talvez com um
número maior de vitimas.
A mim a imagem me arremete a ação
de uma pedra lançada num lago, formando no seu entorno ondas de choques ou de
um som que então se repete sem parar e que ganha força ao invés de arrefecer.
Muito além das dores engalanadas
por trilhas sonoras e o fausto que exalta ainda mais a angustia das amarguras
produzidas no seio familiar de uma ínfima parcela de seres comparados a miríade
de vítimas das intolerâncias múltiplas que os humanos podem produzir. Calamo-nos
ante a dor dos excluídos, a fome dos miseráveis, a vindima das lutas
encarniçadas das hostes de tribos e religiões diversas estribadas em ranços
ideológicos e que apodrecem os pilares de sustentação da vida digna a todos os
seres do planeta.
Os ódios produzidos contra nossos
semelhantes, são feitos contra nós mesmos, porque somos frutos do mesma origem,
não importa de onde viemos , o que ou quem nos criou, somos os mantenedores do
nosso planeta . Macrocosmicamente formamos uma insignificante partícula a
deriva na vastidão dos mundos, a mercê das psicopatologias e desvarios das religiões
e falsos poderes que geram e gerarão seus frutos e usufrutos por séculos a fio,
todavia cabe a nós mantermos a sanidade e higidez dessa pequena esfera a qual
habitamos, extirpando o ódio, o desamor que invariavelmente são semeados no
seio da nossa família humana.