Há quatro questões de valor na vida: O que é sagrado? Do que é feito o espírito? Pelo que vale a pena viver? e pelo que vale a pena morrer? A resposta a cada um é a mesma, só o amor.Johnny Depp
Nesta semana, a proposta é tentar traduzir em cores um
pouco mais vívidas e fortes o sentido do sagrado. Cada vez que falamos do
sagrado ele se tinge de humano e fútil porque cada ser humano tem a sua forma
individual de sentir, venerar e experimentar em si o que quer que seja isso isoladamente,
posto que o sagrado é apenas um aspecto
da percepção de cada um de nós.
Em essência todos
somos iguais e sobre essa igualdade depositamos os rótulos, etiquetas, preocupações,
defeitos e mascaras de expressão de nossa personalidade no dia-a-dia. A
interação entre o homem, a natureza e o Eu quaisquer que sejam as formas como
vivenciemos isso, olhando o por do sol, ouvindo prazerosamente o som do vento, caminhando
pelo campo, pela mata ou vivenciando uma miríade de coisas e sentimentos que
nos fazem voltar os olhos pra dentro de nós mesmos e sentirmos parte objetiva de
algo maior e que transcende o que sabemos , impregna nossa percepção e dele
podemos tirar impressões que se nos acrescentam e exortam a uma maior expressão
como seres humanos.
Como humanos aprendemos
a sentir, observar, vivenciar e ser, como se saíssemos a procurar e colar figurinhas
faltantes em nossos álbuns, aprendendo a coexistir com as pessoas, coisas e sentindo
a interação entre tudo. Nossa colcha de retalhos existencial, a rede de amigos,
pessoas que aprendemos a amar, abençoar, incluir, aceitar, compreender, transigir
e respeitar.
Ao longo de nossas vidas enfrentamos altos e baixos,
cumes e planícies, crises e superações, porém o que ou quem nós devolve forças
para novamente nos colocarmos em marcha colina acima?
Talvez o sagrado onde quer que o tenhamos, dentro ou fora,
a brisa no rosto, um formoso por de sol, o voo de um pássaro, o frescor do
gramado sobre nossos pés nos tragam de volta a nós mesmos e de volta a vida.
Muitos procuram o sagrado nos serviços de culto a
divindade e se deixam seduzir pelo fausto luxuoso que vilipendia qualquer
ideia mais sutil, se valem de rótulos de pseudo superioridade, encastelam-se
como prediletos de uma divindade fútil e vaga ou cerram fileiras com um Ser mercantil,
marcial e separatista. Abraçados a essa causa,
perdem-se, todavia, em cismas, tabus,
incorporam a si o ódio cego e que sutilmente os impede de uma leitura
precisa de si mesmos.
Ser Sagrado a mim representa compreender o mundo em sua
essência expressa na natureza, nas pequenas coisas e gestos de carinho, na
compaixão a todos os seres, na coexistência pacifica, posto que todo sentimento que nos isole do outro parte
da semente do ódio, da ignorância e da pobreza de percepção do mundo que nos
acolhe e nos distancia da nossa própria essência.
Por Edson ovidio