Inimigos |
Essa semana o meu tema é
Inimigos e surpreendentemente descobri que não é um tema fácil para se
discorrer.
O que nos torna inimigos
declarados de alguém? Ou por que outros nos têm a nós como inimigos? Quão forte
é o sentimento contrário que nos caracteriza inimigo de alguém? Ou com que
olhos nossos supostos opositores nos tem a nos como seus antagonistas.
Nessa louca aventura que é
viver. diariamente cruzamos com centenas de pessoas dentre as quais algumas ou
varias fazem parte do nosso grupo seleto de amigos, família, companheiros etc.
Pela maravilhosamente sincronicidade da vida passam ao nosso convívio pessoas com
as quais compartilhamos o nosso melhor, momentos, opiniões, discussões, tensões
e pontos de vista, num equilíbrio maravilhoso em que muitos passam definitivamente
para a atração mágica da afinidade, proximidade, amizade e cumplicidade; outras,
entretanto como algo que tende a fugir de nossa orbita e nos da dela, são violentamente
arrancadas de nosso convívio por falha reciproca, pelos sentimentos mal lapidados,
o orgulho descontrolado, as opiniões prevalentes uni ou bilaterais, pela
futilidade das etiquetas e rótulos, pelo calor de um momento, por venenos
atávicos que correm pelo veio familiar,
ou por vinculo a filosofias e ideologias que promovem uma lenta, progressiva e
alienante lavagem cerebral que voltam nossas costas ao outro.
Numas dessas casualidades
trazemos a nos e eles a si a oportunidade única de vivenciar a troca de
experiências diversas. Fazemos parte consciente ou inconsciente de cada uma das
pessoas que orbitam a nossa volta, psicologicamente somos um fractal de
sentimentos idênticos e que nos caracterizam como seres humanos. Cada ser modula
a sua maneira o seu momento e interage de maneira diversa a cada situação. Formamos um elo de sentimentos, criamos
momentos únicos tangíveis, ponderáveis, objetivos ou subjetivos entre as
pessoas e o ponto desse ensaio é a ductilidade e durabilidade desse elo
existencial, a flexibilidade dessa tela que urdimos, o quão maduros podemos
ser, de forma a sustentá-la ante as possíveis crises de convívio diário.
Têmpera e flexibilidade são
necessárias a cada abalo , todavia, por definição física, o lado mais fraco é a
parte que se rompe e esse lado eventualmente somos nós mesmos.
Todos apontamos falha no outro,
porque pra nós há uma perfeição residente e intransigente em nós. Nossos
pretensos opositores são dotados de múltiplas capacidades e características
especiais notáveis e agem segundo seus padrões éticos individuais, cometem
erros, acertos, arrependem-se e, também, podem ter uma percepção maior que as nossas sobre a vida.
Há sempre uma forma de
considerar que o erro existiu, a falha pode estar na pessoa, porém ele não é a
pessoa em si.
É necessário estender a
nossa capacidade de perdoar as falhas do outro e jamais permitir que a
maravilhosa precisão do acaso afaste pessoas do nosso convívio ou que toda e
qualquer ideia contrária ou mesmo a ferrugem do tempo aumente ainda mais a
brecha da inimizade que se instaura entre duas pessoas
Por Edson Ovidio