Annus Mirabilis
Jamais
haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos.
Luís de
Camões
“Israciveis, insensíveis, desumanos, preconceituosos....”
Se fossemos elencar todas as nossas falhas com certeza não pararíamos
de escrever e teríamos realmente nada há o que brindar e encerraríamos o ano
com vários “mea culpa” a cada ato falho , a cada tropeço, a cada erro dissimuladamente
cometido nesses nossos 365 dias.
O período de festas magicamente
se enche de algo novo e estranhamente transbordam em nossos espíritos o contentamento, tornamo-nos incrivelmente ébrios e fartos de esquecimento
e extinguem de vez dos cérebros e nossos corações os fatos que poderiam marcar mais este como um
“annus horribilis
Tecnologicamente tornamo-nos
mais preparados, mais integrados com os fatos do nosso mundo, mais conectados,
cosmeticamente cada vez mais perfeitos . Em contrapartida, no retrospecto dos
nossos dias, presenciamos a violência, calamos aos preconceitos, ignoramos a
fome, de alimento ou cultura, do próximo, perdemos contato com a solidariedade,
nem desconfiamos do sentido da compaixão e viramos as costas a caridade e vimos
a esperança morrer nos corações das
pessoas .
Credos e crenças ainda
disputam um pedaço do céu às custas da ignorância de quem perdeu a confiança no
estado, políticos fartam-se com os lucros da coisa que não é sua.
Alheio a tudo e cada fato, entregamo-nos
com a fúria de um guerreiro na busca de posições
de destaque, rotulamo-nos doutos disso ou daquilo, assestamos todo o nosso
poder mirando apenas o nosso bem-estar e viramos definitivamente nossas costas
ao outro.
Acaba mais um ano e a
maioria de nós busca crescer, alcançar o topo de alguma coisa e meu desejo é
que , pelo menos, uma porção nós queira melhorar a si mesmo e então fazer
refletir essa pequena melhora ao nosso próximo e ao mundo e possamos abrir nossos olhos para a nossa cota de
responsabilidade quanto aos males que afligem a humanidade.
Que
esse seja um “Annus Mirabilis” a todos os homens de boa vontade.
Por Edson
Ovidio
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