Quem sou eu? A minha
singularidade dissolve-se quando a examino e, por fim, fico convencido de que a
minha singularidade vem de uma ausência de singularidade. Tenho mesmo em mim
algo de mimético que me impele a ser como os outros. Em Itália sinto-me italiano
e gostaria que os italianos me sentissem como participante na sua italianidade.
Outro dia, ao falar a um auditório da Champanha senti-me champanhizado. Ah sim,
gostaria de ser como eles. Adoro ser integrado e, contudo, não sou inteiramente
de uns e dos outros. Poderia ser de todo o lado, mas nem por isso me sinto de
alguma parte, estou enraizado assim.
Não é o exercício de um talento
singular nem a posse de uma admirável verdade que me distinguem. Se me distingo
é pelo uso não inibido ou cristalizado de uma máquina cerebral comum e pela
minha preocupação permanente em obedecer às regras primeiras desta máquina
cognitiva: ligar todo o conhecimento separado, contextualizá-lo, situar todas
as verdades parciais no conjunto de que fazem parte.
Edgar Morin
Singularidade é qualidade do que
é singular, único, só; O que é peculiar a um só indivíduo e não aos outros. ; Particularidade.
; Modo extraordinário de proceder ou de pensar.
Cada ser si é único como veiculo
de expressão de sua individualidade, fractal de um todo dinâmico, uma nota
exclusiva e essencial de uma grande sinfonia.
Somos uma porção da vida,
delimitada pela nossa individualidade, personalidade, inteligência e a essa porção impregnamos
com o nosso melhor.
Porém, a luta pela sobrevivência vela o brilho intenso de nossas luzes interiores, á medida que transformamo-nos de crianças em
homens; de homens em máquinas o que nos importa é a escalada rumo ao topo, ao
ter e o ser e ao mundo transparece apenas o tênue facho que chamamos de personalidade.
Quando enfim, nos descobrimos
seres pensantes, gradualmente abandonamos o mundo infantil, nossa primeira
grande vontade é a de pertencer a um grupo, ocupar um lugar como peça integrante
de uma engrenagem qualquer e que nos induza a um movimento, seja ele qual for,
talvez diametralmente diferente do que pensamos ou contrários a nossa essência, mas
que fundamentalmente nos acolha e nos molde a sua imagem e semelhança. Passamos
então a refletir luzes externas em detrimento do que, de verdade trazemos em
nós.
Podemos estar sob outras luzes,
permitir que outros tons matizem-se com os nossos sem que acinzentem ou enegreçam o
nosso brilho, outros sons encubram e calem nossos próprios sons e outros aromas sejam notas que componham e valorizem o nosso.
Cores, sabores, fragrância e tons
do que somos, somam-se a milhares de outros, portanto não prive o mundo de tudo
o que você é, o que de verdade pode ser.
por Edson Ovidio
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