quinta-feira, 7 de abril de 2011

SOLIDÃO

Solidão



Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.
Amir Klink

Todo o inferno está contido nesta única palavra: solidão.
Victor Hugo

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice Lispector

Das muitas definições de solidão que há, eu acho que nada qualifica melhor o verbete do que um profundo estado d’alma em que nos entregamos a um vazio de nós mesmos, estar longe das intenções alheias, como se houvera uma concha na alma ou um véu de invisibilidade aos olhos das gentes. Eventualmente perdemo-nos no labirinto que criamos, nos esconderijos que insistimos em estar quando nada parece ir bem.
Acho que cada um de nós possui bons motivos para estar nesse circuito fechado de sentimentos quando cada etapa de nossas vidas nos afronta com suas surpresas, novos aspectos de nos mesmos, vários enfrentamentos que por vezes fazem-nos perder o empenho da luta ou acovardamo-nos face ao inesperado. Embora sejamos seres adaptativos, poucos o sabem e creio que muitos já tenham viajado por esses desertos da solidão.
Tenho medos, como todos, quando a mente teima em invadir esse vácuo. Já estive algumas vezes nesse negrume em que me debrucei para espiar o precipício e nada parecia ser a solução exceto o mais profundo.
Será que a solidão, dos poetas e dos que buscam nesse vácuo de presenças as flores mais belas e de súbito as emergem de si mesmo, seja diferente da solidão dos que se perdem e não mais voltam?  Será que cada vez que mergulhamos em nós mesmos não devíamos voltar com pérolas cada vez mais valiosas, porque seriam os resultados de problemas maiores que soubemos levar a bom termo com sabedoria.
Essa é uma reflexão pontual a cerca da solidão e agora que transformei pensamento em texto, a mim me parece que a solidão tem uma dualidade intrínseca: __é estéril, mas produtiva, dolente, mas balsamica tem um sabor doce e amargo, pungente com um espinho agudo, mas reconfortante como um colchão de plumas.
Nessa boa batalha semântica de sentimentos, emoções, perdas, opções, buscas, ausências, podemos sempre vencer e lançar luzes nesses breus desconhecidos que fazem parte de nós. A solidão que cisma em invadir nossos corações talvez seja apenas um convite a que possamos nós desligar de tudo e todos e daí então acendamos os vários archotes de felicidade que jazem apagados em nós mesmos e não necessitam de nada ou alguém para que brilhem exceto de nós mesmos


por Edson Ovidio 




Um comentário:

Tati S.S. disse...

Uau, amei o texto.
"Já estive algumas vezes nesse negrume em que me debrucei para espiar o precipício e nada parecia ser a solução exceto o mais profundo." Isso me fez lembrar o caso agora lá no Rio...imaginei como aquele rapaz deve mesmo ter imaginado que a única solução para ele era se jogar no precipício...infelizmente ele levou alguns com ele. Não me refiro às crianças, mas à solidão que agora os pais dela sentem e nem entendem o por que....