segunda-feira, 4 de julho de 2011

THEOS

Theos


A luz… é a sombra de Deus… Albert Einstein
Deus criou o homem à sua imagem. Isso provavelmente significa: o homem criou Deus à sua própria imagem
Georg Lichtenberg,
Georg Lichtenberg,
"Os etíopes dizem que os seus deuses são de pele escura e possuem o nariz achatado, / os trácios, que os seus são loiros e de olhos azuis.Xenófanes
"Quanto mais eu estudo a natureza mais fico impressionado com a obra do Criador. Nas menores de suas criaturas Deus colocou propriedades extraordinárias.Louis Pasteur
       
"A todo cientista minucioso deve ser natural algum tipo de sentimento religioso, pois não consegue supor que as dependências extremamente sutis por ele vislumbradas tenham sido pensadas pela primeira vez por ele. No universo incompreensível revela-se uma razão ilimitada. A opinião corrente de que sou ateu baseia-se num grande engano. Quem julga deduzi-la de minhas teorias científicas, mal as compreendeu. Entendeu-me de forma equivocada e presta-me péssimo serviço."Albert Einstein
Minhas experiências com ciência conduziram-me a Deus. Desafiam a ciência a provar a existência de Deus. Mas precisamos realmente acender uma vela para ver o sol?" Werner Von Braun 


Pelas coincidências lógicas das coisas, escolhi Theos, porque o titulo se impôs a mim, como uma pedra no meio do caminho e pareceu melhor traduzir o sentido do que eu queria discorrer essa semana.

Ao longo desses dias pensei em formas de falar não sobre o fundamento de religiões ou seitas, mas sobre o reflexo do absoluto sobre nós. Sobre a forma como maravilhosamente sentimos a beleza sensível do micro ao macro, das pequenas formas elementares ao gigantismo das galáxias, quasares e do simples que se apresenta ante a nossa visão desarmada até o incognoscível, do efêmero contentamento ao grande entusiasmo que num átimo alarga a nossa percepção numa explosão de entusiasmos. 
A vida é extremamente doce, mas por vezes nos cobrimos de azedume ou tornamo-nos amargos, turvamos nossa percepção do todo e abstemo-nos de refletir as luzes da alegria, o calor do entusiasmo, fechamos as portas a tudo, viramos as costas para a felicidade e então abrimos os nossos portais apenas para o ter e ser. 
Nosso intelecto humano não aceita nada que não caiba dentro de seu pequeno tubo de ensaio de onipotência, que se submeta ao seu cadinho da onisciência antropocêntrica ou esteja sob a presunção sistemática em achar que a parca noção abarque todos os campos onde a vida manifesta-se. 
No correr das eras passamos de artífices de simples rudimentos a criadores das mais complicadas ferramentas e conceitos matemáticos que aos nossos entendimentos traduzem tudo o que houve, há e possa existir no futuro, todavia afrontam a exuberância do que se estende mais além dos nossos sentidos. 
Perdem-se nas noites dos tempos os primeiros dias em que o homem começou a temer as forças que a tudo animavam; a impetuosidade das tempestades, a fúria dos ventos, a exuberância das florestas e de tudo o que havia em seu entorno.  Com o passar do tempo procurou compreender, de alguma forma, todo o poderio e progressivamente passou a acreditar em algo maior, mais poderoso que ele e concebeu a ideia de um SER responsável por todas as propiciações, todas as belezas, todas as grandes fúrias, todo o drama humano. O Homem então se reuniu em religiões, seitas e credos tentaculares através dos quais foram guiados, fizeram pactos, tornaram-se santos, loucos, moucos, perderam-se em guerras intermináveis, ou encapsularam-se dentro de dogmas e tabus. 
Conta a historia humana de povos que se renderam gentilmente a grandiosidade da natureza e assim, de alguma forma sentiram que faziam parte de um todo e que também neles refletia-se a excelência de todas as coisas. Não sei, todavia, a profundidade desse respeito reverencioso ou da força de suas atitudes, todavia os dias modernos mostram-nos que mesmo apesar de toda a síndrome e sanha do progresso, a raça humana enfim começa a compreender que o equilíbrio necessita de aspectos que vão bem além de si. Somos um com todas as vidas ao nosso redor, animais e natureza; refletimos as mesmas virtudes e belezas que amiúde percebemos em nossas andanças pela natureza. 
Estamos em sintonia com tudo e todos e refletimos o absoluto em nossos corações quando abandonamos a concha concêntrica dos múltiplos rótulos, defeitos que velam e ofuscam a nossa essência e simplesmente observamos a natureza e refletimos em nós exatamente as mesmas luzes que admiramos refletidas na natureza. As luzes do entusiasmo, alegria, felicidade parecem dizerem ao homem que há um espelho interior capaz de refletir algo maior que si mesmo.
A palavra que me chamou a atenção essa semana foi Entusiasmo que vem do radical grego “en+theos”, ou Em Deus, o que originariamente significava inspiração ou possessão por uma entidade divina ou pela presença de Deus e é bem essa a impressão que tenho quando as luzes da alegria e entusiasmo fazem-se presente. Minha concepção do que seja Deus é pessoal desenfeixado de qualquer tabu de restrição, é o ar que eu respiro, é onde eu vivo, é o sol que vivifica nosso mundo de formas.  Esta é minha visão sobre o que seja Theos e vai ao encontro do que muitos pensam, mas talvez seja muito inclusiva, não sirva a muitos e vá de encontro ao que outros tantos pensam. 
Encerro este ensaio com um poema de Alberto Caieiros que sintetiza a mim o tema deste post

“Se Deus é as flores e as árvores
E os montes e Sol e luar
Então acredito nele a toda hora.

Mais se Deus é as árvores e as flores
E os montes e o luar e o Sol
Para que lhe chamo eu Deus?
Chamo-lhe flores e árvores e montes e Sol e luar.”
(Alberto Caieiro)




 Por Edson Ovidio










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