domingo, 12 de fevereiro de 2012

SINGULARIDADES




Quem sou eu? A minha singularidade dissolve-se quando a examino e, por fim, fico convencido de que a minha singularidade vem de uma ausência de singularidade. Tenho mesmo em mim algo de mimético que me impele a ser como os outros. Em Itália sinto-me italiano e gostaria que os italianos me sentissem como participante na sua italianidade. Outro dia, ao falar a um auditório da Champanha senti-me champanhizado. Ah sim, gostaria de ser como eles. Adoro ser integrado e, contudo, não sou inteiramente de uns e dos outros. Poderia ser de todo o lado, mas nem por isso me sinto de alguma parte, estou enraizado assim.
Não é o exercício de um talento singular nem a posse de uma admirável verdade que me distinguem. Se me distingo é pelo uso não inibido ou cristalizado de uma máquina cerebral comum e pela minha preocupação permanente em obedecer às regras primeiras desta máquina cognitiva: ligar todo o conhecimento separado, contextualizá-lo, situar todas as verdades parciais no conjunto de que fazem parte.
Edgar Morin


Singularidade é qualidade do que é singular, único, só; O que é peculiar a um só indivíduo e não aos outros. ; Particularidade. ; Modo extraordinário de proceder ou de pensar.
Cada ser si é único como veiculo de expressão de sua individualidade, fractal de um todo dinâmico, uma nota exclusiva e essencial de uma grande sinfonia.

Somos uma porção da vida, delimitada pela nossa individualidade, personalidade, inteligência e a essa porção impregnamos com  o nosso melhor.

Porém, a luta pela sobrevivência vela o brilho intenso de nossas luzes interiores, á medida que transformamo-nos de crianças em homens; de homens em máquinas o que nos importa é a escalada rumo ao topo, ao ter e o ser e ao mundo transparece apenas o tênue facho que chamamos de personalidade.

Quando enfim, nos descobrimos seres pensantes, gradualmente abandonamos o mundo infantil, nossa primeira grande vontade é a de pertencer a um grupo, ocupar um lugar como peça integrante de uma engrenagem qualquer e que nos induza a um movimento, seja ele qual for, talvez diametralmente diferente do que pensamos ou contrários a nossa essência, mas que fundamentalmente nos acolha e nos molde a sua imagem e semelhança. Passamos então a refletir luzes externas em detrimento do que, de verdade trazemos em nós.

Podemos estar sob outras luzes, permitir que outros tons matizem-se com os nossos sem  que acinzentem ou enegreçam o nosso brilho, outros sons encubram e calem nossos próprios sons e outros aromas  sejam notas que componham e valorizem o nosso.

Cores, sabores, fragrância e tons do que somos, somam-se a milhares de outros, portanto não prive o mundo de tudo o que você é, o que de verdade pode ser. 

por Edson Ovidio


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