sábado, 5 de abril de 2014

EUS

Meus pés não tocam o agora
Do espelho um estranho mira            
Quando me vejo a mim agora
O medo que de mim transpira
Assusta-me o que vai lá fora
A que destino o temor conspira
No ontem, outro Eu se ancora
O nada é o que mais me inspira

Sussurra o futuro no contravento
Murmúrios de um bom plantio 
Sementes voam e vão embora
Vu-uu-uu! Sopra sibilante vento
Feroz, arrasta , destrói  o plantio
O tempo voraz, sua fome, seu cio
Revolvendo o passado agourento
Calando o meu mais breve cicio

Meus olhos seguem o passado
No ontem Minh ‘alma se rende
Numa leira meu Eu se aporta
Lá atrás o tempo me prende
Quantos Eus hão ancorados
No tempo perdido por fim
Quão muito os tenho buscado
Pedaços perdidos de mim





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