sábado, 11 de junho de 2011

POR "DEFAULT"

Por Default


"O homem é um animal sociável que detesta os seus semelhantes."Autor - Delacroix , Eugène



Como entender o próximo?

Eu me fiz essa pergunta algumas vezes e talvez essa seja a resposta mais rápida que me veio a mente:

Aceitar que o outro tenha defeitos e que você também tem problemas. 

Eu entendo que somos seres em desenvolvimento e ainda que talvez tenhamos aparentes falhas, cada um de nós tem seu padrão próprio e veja a sí mesmo via um conceito próprio, segundo uma visão estreita ou larga, mas é fato que cada um de nós tem sua imperfeição intrínseca. 

Em Telecomunicações quando um equipamento tem uma   certa característica ainda que defeituosa, dizemos que por “default” ele funciona assim; o equipamento tem problemas mas essa é a sua característica, vai necessariamente com o tempo sofrer melhorias, todavia, por ora é assim. Por “default” somos assim; “Imperfeitos por defeito”, porém em melhoramento.

Nossa razão compreende, sem dúvidas que há doenças mil grassando pelo planeta quer elas sejam causadas por vírus, bactérias, bacilos, vermes, disfunções etc. Todavia invariavelmente o nosso foco de observação é o nosso organismo, nossa maquina física. Muitos filósofos entendem que há uma outra variedade de doenças mais sutis e que se manifestam em nosso padrão comportamental , atitudes padrões , a maneira que por default nós expressamos e  progressivamente ganham força e subjuga aquele que involuntariamente não conhece a si mesmo .

Admitindo que  somos uma essência a qual designamos EU  e que sobre essa essência há detritos inatos e adquiridos ao longo de nossa existência , que interferem definitivamente em nossa forma de ver e interagir  com o mundo. Os detritos sobre a essência são como fossem vírus que interferem e integram o que pensamos ser. Talvez a melhor forma de falar sobre eles é chama-los de monstros vivendo em um intrincado labirinto através do qual buscamos  nossa expressão.

Se por um lado sabemos que nos expressamos com falha, sejam elas,  o ódio, usura, torpeza ou quaisquer outras vilanias que possamos nomear, então devemos compreender  também que aqueles que  caminham ao nosso lado também defrontam-se com seus males inconscientes,  com suas doenças que encobrem o EU, dai sobejamente compreenderíamos que incondicionalmente devemos aceitar o outro e entender que todos buscam , no seu próprio tempo aniquilar as imperfeições que progressivamente passam a existir segundo nossa percepção particular.

Vivemos num mundo entre as muitas máscaras e os males e o  que talvez mais chamem nossa atenção no outro sejam aqueles que correspondam ao que temos em nós mesmos, latentes talvez, amordaçados por tabus, regras e códigos ou preços em nossos calabouços. A disciplina talvez não seja o mecanismo de auto conhecimento, mas apenas uma ferramenta que nos ajuda a perceber a afronta dos males que  que trazemos do fundo de nossos labirintos até a nossa superfície de ação. Refreamos a cada instante os monstros que saltam de nossas masmorras. Muitos, todavia, permitem que seus monstros cometam toda sorte de vilanias ate que por fim compreendam que o que sai de sí, nem sempre é a expressão de sua essência, muitas vezes monstruosidades que freneticamente se agitam dentro e saltam de você, quando você apenas vive no automático.

Embates entre as nossas feras e os monstros de outros são sempre inevitáveis e assim criamos toda sorte de sofrimentos, abismos e simplesmente deixamos de compreender que a essência briga por libertar-se de tudo que por “default” manifestamos.

Somos as qualidades por detrás dos erros, somos os sonhos calados pelos pesadelos, somos a luz que tenta vencer as trevas que densamente ofusca você de você mesmo.

Não permita que seus monstros criem cicatrizes indeléveis em você mesmo ou crie abismos intransponíveis entre você e as pessoas que hão de entrar, estar, cruzar ou passar momentaneamente pela sua vida.


Por Edson Ovídio

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom seu blog ja estou seguindo abraços
http://blogandodemadrugada.blogspot.com/