sábado, 17 de dezembro de 2011

OS INTOCÁVEIS


Intocaveis

            

“A violência faz-se passar sempre por uma contra violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia”.Jean-Paul Sartre
“Eu sou contra a violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é que é permanente”.Mohandas Gandhi

Nesta semana minha amiga enviou-me um link para um vídeo no qual uma cidadã londrina ferinamente agredia  outros de  etnias diferentes que estavam no mesmo vagão onde ela se  encontrava. Desferia impropérios como se ela fosse a rainha de alguma coisa.
Esse fato chamou-me a atenção  para a forma como as ideias e filosofias podem de forma tão inusitadas passarem de nossa mente  para palavras e ações , assumindo a forma virulenta do monstro da violência.

Qual o nosso ideário?

Quão mal e cego pode ser o bem que hoje queremos?

Erguemos muros ou buscamos a igualdade entre os seres?

A fonte de toda a violência nasce de todos os  desvarios, quer  sejam eles  voltados pra  para ideias hegemônicas de um separatismo doentio ou do firme  propósito de nos rotularmos como uma casta excludente,  para a qual  as  aves de outras plumagem sejam definitivamente mantidas ao largo e  proscritas por nossa  ignorância emblemática contra  outras etnias, credos, padrões cultural estranhos a nós ou por qualquer outra cisma histórica.

Talvez a violência nasça de nossa boa fé, quando nos predispomos a criar grupos polarizados para direções que outros não compreendam, sentimentos que atendam a um determinado nicho, filosofias voltadas para um seleto grupo de idealistas utópicos ou qualquer outro padrão de pensamento semeado ao vento na busca de um pretenso mundo melhor.

Um mundo mais a nossa própria imagem e semelhança e que primeiramente favoreça a nós, nossa subsistência, a manutenção de nossos iguais e que outros espelhem os nossos sonhos e os espalhem entre as pessoas de boa vontade, porque nossa é a melhor filosofia, somos a casta superior, destinados a uma posição de destaque em qualquer lugar mais além, sob os auspícios de um cuidador!

Será que muitas vezes a nossa certeza de querermos apenas o bem universal, ao longo do tempo não seja o veneno nas mentes de pessoas de tempos à frente?

 Se pensarmos em algo melhor, queremos que as pessoas participem do nosso ideal emancipador, brandimos nossas armas de conquista, mas, de súbito compreendemos que o outro não preenche todos os requisitos do mundo ideal, voltamo-nos então as nossas armas cheias de boa intenção contra ele e gentilmente lhe viramos as costas, espalhando intransigência, porque o outro é diferente, não tem o nosso padrão de ideias. O que se estendia de dentro pra fora, sem barreiras, passa então a ocupar-se com os assuntos da nossa autodefesa egoísta e de princípios voláteis e efêmeros, porque agora passamos a erguer muros altos demais em nosso entorno. Intramuros precisamos proteger-nos, atrair os iguais, repelir e atacar os contrários.

Não será a violência a resultante das boas intenções do passado? Do ranço secular levado a frente pelas nossas crenças, idealismos e mentes que se perderam em algum lugar do passado?


Nenhum comentário: