sábado, 10 de dezembro de 2011

PRIMEIRA VISTA E OLHARES POSTERIORES



Olhares posteriores

"O mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito."
François La Rochefoucauld  
 "Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência."
 Friedrich Schiller ,
 "Pelas roupas rasgadas mostram-se os vícios menores: / as vestes de cerimónia e as peles escondem todos eles."
William Shakespeare  
 "Quando vemos um gigante, temos primeiro de examinar a posição do sol e observar para termos certeza de que não é a sombra de um pigmeu."
Friedrich Novalis 

Um amigo sugeriu-me como tema “um olhar por tras de outro olhar” e então lembrei instantaneamente de uma viagem que fizera, onde durante um jantar uma  senhora contadora de historias foi ate a  nossa mesa para contar um conto. Tão saborosa foi sua narrativa que tive a impressão que ela  derramou de si em nossas almas. O amigo ao meu lado colheu em si nada da nobre presença, porém a mim ela  desenhara em minha mente aquelas cenas de forma magistral . Dias após eu compartilhei com amigos, o fato insólito e então um deles comentou :

_ “ Eu adoro olhar  as coisas com segundos olhos”

Eu  sempre pensei minha caminhada assim e me alegrei por ver que outras pessoas também olham a vida com um foco mais aberto e com um olhar mais além e atento.

Quando percebemos as muitas vidas que cruzam pelas nossas próprias vidas diariamente,  costumeiramente  nos atemos a seus  padrões cosméticos, a graça, sinuosidade, elegância , títulos e fama  e  somos demasiadamente presos às tintas vivas e aos aspectos externos do outro, excessivamente arraigados aos padrões da forma. A repugna ,o desdém, o preconceito  são a envoltória de nossa ignorância  e nos impedem de transgredir,  ir além de nossos preconceitos e efetivamente enxergar o outro em toda a sua essência.

 A sabedoria, a dignidade e nobreza de sentimentos não escolhem potes e nossos anteparos quase sempre nos impedem que ousemos  surpreendemo-nos e  ir além  do involucro que envolve o outro e descobrir o ouro além do tecido de pobre urdidura. Porém , de  muitos ouvimos e sentimos em nós que  tardiamente  depararamos com a sutilidade da peçonha, a cupidez, o animal  escondidos  pelo exacerbo da beleza em pessoas que em dado momento impressionaram nossa retina, nossa cobiça e então entraram em nossas vidas via a inconsistência de nossas primeiras impressões.

Pele adentro transita nossa personalidade  com  qualidades, defeitos e falhas, também o outro se defronta com monstros que se ocultam sob o fino trato.Eternos insatisfeitos, fugimos de nossos corações e então tornamo-nos míopes ou cegos á  sutilidade  e a nossa própria essência , porque a medida que saímos de nos mesmos só enxergamos no outro aquilo que melhor se enquadra ao nosso universo de perfeição.

Vivemos num mundo de aparências onde a grife conta muito mais que a qualidade do produto acabado, onde a força do que não somos, a textura da nossa estampa, conta muito mais do que aquilo que efetivamente somos e podemos,  onde a perfeição da capa fala  muito mais do livro do que seu conteúdo.

Um dos segredos da vida está em olhar  as pessoas com o crivo da nossa percepção mais interna , com os olhos  da nossa essência, porque é necessário  estar atentos a fatos e pessoas que  se postam a nossa frente e em  nossas vidas  pelo capricho da precisão da sincronicidade  pois eles podem abrir portais , podem ser doadores de sabedoria, doçura e suavidade .

Seja atento!


Por Edson Ovidio




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