quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ECOS


ECOS

"Se esses ontens fossem devorar os nossos belos amanhãs?"Autor - Paul  Verlaine

"O passado e o porvir estão, ambos, / Recobertos pelo pó e pelos amorfos escombros da
deslembrança."Fonte - Troilo e Cressida" Autor - William  Shakespeare

"Uma coisa é aprender com o passado; outra é ficar lá preso."Autor - José  Braga

Nesta semana foi inevitável ouvirmos de dores e sentimentos amargos, pro-lembrança das vítimas dos atentados dentro dos Estados Unidos e também inevitável que todas as dores e memorias dos familiares e sentimentos tão fortes também se fizessem tão vividamente sentidos em todos os nossos corações.

Os eventos em nossa aldeia global, alegrias ou dores são lançados ao ar diariamente como se fossemos pequenas estações radiotransmissoras, da mesma forma que somos inundados por um jorro de emoções e sentimentos que atravessam nossos corações como se fizemos parte de um rio de energia.  Os ecos ou harmônicos de tudo o que nos acontece ou produzimos continua a produzir os mesmos fatos, as dores suplantam as alegrias e, por vezes eclodem sob disfarces variados em razão do ódio, cobiça, poder exacerbado, a cegueira do orgulho e intolerâncias geradas pelo fundamentalismo  das religiões.

Ouvi um comentário muito sóbrio, em meio a toda essa exaltação da internacionalização dos lutos e dores particulares. Dizia um embaixador que ele cria na simetrização dos sentimentos e que não devíamos só lamentar o impacto produzido localmente, mas também a repetição da tragédia que se verificava noutras partes do mundo, talvez com um número maior de vitimas.

A mim a imagem me arremete a ação de uma pedra lançada num lago, formando no seu entorno ondas de choques ou de um som que então se repete sem parar e que ganha força ao invés de arrefecer.

Muito além das dores engalanadas por trilhas sonoras e o fausto que exalta ainda mais a angustia das amarguras produzidas no seio familiar de uma ínfima parcela de seres comparados a miríade de vítimas das intolerâncias múltiplas que os humanos podem produzir. Calamo-nos ante a dor dos excluídos, a fome dos miseráveis, a vindima das lutas encarniçadas das hostes de tribos e religiões diversas estribadas em ranços ideológicos e que apodrecem os pilares de sustentação da vida digna a todos os seres do planeta.

Os ódios produzidos contra nossos semelhantes, são feitos contra nós mesmos, porque somos frutos do mesma origem, não importa de onde viemos , o que ou quem nos criou, somos os mantenedores do nosso planeta . Macrocosmicamente formamos uma insignificante partícula a deriva na vastidão dos mundos, a mercê das psicopatologias e desvarios das religiões e falsos poderes que geram e gerarão seus frutos e usufrutos por séculos a fio, todavia cabe a nós mantermos a sanidade e higidez dessa pequena esfera a qual habitamos, extirpando o ódio, o desamor que invariavelmente são semeados no seio da nossa família humana.

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